O legado do "bom rei Eduardo", como ficou conhecido, resplandece na história da Inglaterra, uma lembrança vívida de um monarca que aboliu leis injustas e deixou sua marca com um temperamento suave e generoso. Seu reinado marcou um período de harmonia e prosperidade, apaziguando as contendas entre os partidos normando e anglo-saxão que há muito afligiam a nação.

Eduardo, conhecido por seu amor à paz, selou um pacto matrimonial com Edite Golwin, filha de seu adversário, o perspicaz barão Golwin. Este último, crendo que poderia governar com plenos poderes, viu-se equivocado quando o jovem rei Eduardo, detectando suas intenções egoístas, optou por exilá-lo do reino e confinou Edite a um convento. A paixão que ardia entre o casal logo levou a uma reconciliação, com ambos fazendo um voto mútuo de castidade. Em meio à história das casas reais europeias, eles não eram os primeiros a seguir tal exemplo.

Nascido do rei Etelredo II, conhecido como o Irresoluto, Eduardo passou parte de sua juventude no exílio na Normandia, de 1014 a 1041, ao lado de parentes maternos. Em um momento de adversidade, fez um voto de peregrinar a Roma, uma promessa que ansejava cumprir ao voltar à terra natal. No entanto, ao ascender ao trono e conquistar a coroa, o papa dispensou-o da obrigação.

Em um gesto nobre, Eduardo utilizou os fundos destinados à peregrinação para auxiliar os menos afortunados em seu reino. Além disso, seu empenho direcionou-se à restauração da abadia de Westminster, um local que ganharia importância espiritual e histórica. Eventualmente, o rei descansou em seu solo sagrado, pois sua jornada terrena chegou ao fim em 5 de janeiro.

A aura de santidade que envolveu Eduardo perdurou após sua morte, com seu corpo encontrado intacto mesmo após cinquenta anos. Uma solene cerimônia de transladação ocorreu em 13 de outubro de 1162, ano subsequente à sua canonização. A igreja abacial testemunhou a chegada triunfal de seu corpo, celebrando-o como um santo rei cujo compromisso com a justiça, a caridade e a virtude continua a inspirar gerações posteriores.